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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Tardes de Domingo

Passeando à beira mar nas habituais soturnas tardes de domingo, ouço o pranto das gaivotas que teimam em não deixar este sítio. Não é difícil perceber porquê, há poucos sítios belos, puros e autênticos como a fronteira onde o mar se funde com a terra.
O que me traz aqui não é mais que a paz. É fácil por aqui abstrair-me de um mundo criado criado por um Deus que já não lhe tem mais as rédias. O rumo da idiotice humana foi já para muito longe do controlo deste mundo ameaçado. A fantasia reina demasiado por sobre a consciência. E pior, as previsões são tudo menos boas.
Fujo para aqui e ouço o que o mar tem para me dizer. Diz-me ele para fazer evaporar os problemas, as ânsias e as inquietações que me fervilham na cabeça. Com calma explico-lhe que, depois de muito caminhar, o meu barco não é mais fustigado por ondas de paixões tramadas e problemas acrescidos. Chamam-me parvo por me rir na cara dos problemas (como se o fizesse de consciência leve), mas rio para não chorar. E felizmente ainda sou capaz de rir, sorrir. Porque a vida nem está assim tão má, "podia ser pior" dizem eles, e já tenho estofo para sobreviver num mundo de loucos.
Valem-me a noção da realidade, a lógica e razão, conceitos que procuro infindavelmente. Por trás de uma casulo de imaturidade (que me protege da loucura) rio-me dos outros e tomo gozo a observar. Tolos são esses marinheiros que navegam sem rumo. É muito giro dizer-se downshifter mas ainda são a preocupação, a organização e a meticulosidade que mantêm as coisas no trilho por enquanto.
"Olho vivo e pé ligeiro". Mas não abuses, não dispenses contemplar os outros com um sorriso, mas um que seja verdadeiro, sabes bem como é bom receber um belo sorriso para começar bem mais um dia do resto das nossas vidas...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Deep Paths

Deep pathds. Caminhos profundos traçados por um arado perito na mestria de rasgar corações, mesmo os mais fortes.
São ventos agrestes que sopram infernais, qual fole que atiça o braseiro incandescente que molda impiedosamente o ferro.
É um sol nada alegre mas devastador que retira as forças e o fôlego.
É um misto de factores que pesam no espírito e rebaixam a acalmia de uma felicidade serena e tranquila. Uma felicidade de quem, a custo, aprendeu a viver de bem consigo mesmo.
Deixai vir outros trilhos. Na próxima esquina há-de aparecer uma estrada que leve a um melhor caminho. Sem pressas. Às vezes sabe bem fugir do corrupio imparável e deixar-se levar um pouco ao sabor do vento. Parar é morrer, e estancar num mau sítio é o que nos faz entorpecer os sentidos.
Depressa ou devagar a outros sítios chegaremos, outras pessoas conheceremos, outras coisas aprenderemos, outras pessoas nos tornaremos. Porque por muito que assim não queiramos, o artista do destino sempre acaba por nos moldar ao seu jeito como sendo seu barro. Caso pra dizer: "Filho da mãe..." :p