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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Caminheirismo


Um fim-de-semana diferente, um fim-de-semana bonito. Três dias pautados por introspecção, pela minuciosa análise de nós próprios e daqueles que nos envolvem. Tempo para reflectir sobre o nosso P.P.V., ou mais explicitamente o Plano Pessoal de Vida.
O Sábado foi o dia mais puxado, com sete horas a remar (ou mais exactamente a pagaiar), não fosse mesmo a mística intitulada Tokarremar.
O dia já ia alto e o sol preparava-se para se começar a retrair, mas nós ainda continuávamos a remar, desde as 9h00 da manhã. A minha companheira de canoa, agastada pelo intenso sol e pelo vento que nos fazia remar contra a maré, descansava, exausta. Eu, na traseira da canoa, sendo aquele que deve guiar, e também aquele com mais forças, puxava incessantemente pelas pagaias. Não podíamos ficar para trás do grupo. Ela continuava a insistir comigo "Descansa rapaz, não podes estar sempre a remar sozinho". Mas no espírito de Clã, era meu dever e meu prazer puxar por ela, puxar por nós, não perder o trilho e avançar sempre. O agradecimento foi à medida: "Obrigada por remares tanto companheiro*".
E do nada ali surgiu uma metáfora real da vida. Mais uma vez eu me via com gosto a puxar pelos outros e a auxiliá-los nos momentos de abatimento. Mas chegou com essa visão uma questão também. E no final, encontrarei eu também alguém capaz de se sacrificar por mim que não os meus pais? A paixão não exige nada para além da liberdade de gostar. O amor vai muito para além disso. Cultiva capacidade de comprometimento, de sujeição a responsabilidades, de reciprocidade, de sacrifício quando o outro não pode, de sincero agradecimento quando nós não podemos. Um bem valioso que todos esperamos alcançar, que eu anseio alcançar.

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